12 junho, 2011

Documentário Girau em processo

Desde janeiro de 2011, Rodolfo Fonseca e Daniel Ferreira filmam documentário sobre o processo de trabalho do Grupo Girau, que realiza pesquisa musical para produção do espetáculo "Música para ser vista", com financiamento do Fundo Municipal de Cultura de BH 2010. O documentário Girau em processo está em fase de finalização de filmagens e montagem. 

O espetáculo e o documentário têm estréia prevista para Setembro de 2011. Abaixo é republicada reportagem originalmente publicada no site do Coletivo Pegada que acompanhou um ensaio aberto do Grupo Girau.
 
Das Loucas – Passagem pelo ensaio do Grupo Girau 
(texto retirado do site do Coletivo Pegada)

Duas jaboticabeiras já conhecidas, uma casa aconchegante, café da manhã posto. Embaixo das árvores, marimba, tambores, violoncelo, contrabaixo, violão, garrafas de vinho. Pessoas conversando animadamente apesar das carinhas amassadas às 10 horas da manhã. Tocariam esses instrumentos os integrantes do Grupo Girau que, num gesto delicado, convidaram algumas pessoas para assistirem a um ensaio aberto do espetáculo As Bacantes – Música para ser vista.

O grupo surgiu com Amanda Prates, Gabriela da Costa e Junim Ribeiro. Aos poucos, Amanda começou a compor e chegaram mais três integrantes: Marcela Nunes, Larissa Mattos e Daniel Guedes. Apesar da Amanda compor todas as músicas do grupo, os arranjos são trabalhados conjuntamente, e isso eles adoram fazer!
Um dia a Amanda leu As Bacantes de Eurípedes, tragédia grega estreada 405 anos a.C. que conta a história de Dioniso. Dioniso vai a Tebas, na Grécia, reclamar seu direito de ser cultuado como deus, o deus do vinho, as autoridades não o aceitam, já as mulheres o seguem, e por onde passam causam temor e censura por seus comportamentos sem pudor. Para Amanda veio o click: criar um espetáculo baseado nas Bacantes. Com o projeto aprovado no Fundo Municipal de Cultura, convidaram Juliana Pautilla, atriz e musicista para desenvolver um trabalho de consciência corporal, Cristiano Peixoto, ator e diretor, para fazer a direção artística e Ronaldo Cadeu, músico, para desenvolver a orientação musical.

Pensavam não só em criar um espetáculo, mas ainda em se formar e levantar questões importantes para o trabalho do grupo: o que é a cena na música? Como as ações de um músico influenciam na música que ele toca? O que é para ser visto? A música é para ser vista? E é com essas questões que se recolhem na casa do bairro Caiçara para criar um show de música com forte ligação com o teatro.

Assim, debaixo das jaboticabeiras estavam Amanda Prates (voz e composição), Marcela Nunes (flauta transversal), Larissa Mattos (violoncelo), Junim Ribeiro (violão), Bruno Oliveira (contrabaixo), Gabriela da Costa (percussão) e Daniel Guedes (percussão). Eu não fazia a menor idéia do que estava por ouvir/ver. Daí a boa surpresa ao ouvir/ver a voz bonita da Amanda cantando composições ricas em imagens, os olhares trocados, os climas criados, a diversidade de estilos.

E como um grupo que tem consciência do conteúdo imagético da música, eles estão produzindo um documentário do projeto e registrando em fotografia todo o processo de trabalho. Abrir o processo de trabalho é na verdade um ato generoso e desprendido, comentar como cada canção foi criada, sua imagem-tema e, por fim, ouvir o que a platéia tem a dizer faz parte de um projeto de experimentação e construção cotidiana da música que eles pretendem fazer, é um gosto pelo pesquisar, pelo inacabado, pelo processo.

Fico eu aguardando para ouvir/ver As Bacantes do Girau que deve estrear em agosto. Enquanto leio As Bacantes de Eurípedes, dionizando-me.

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