27 fevereiro, 2011

Um artigo por mês no Blog do Coletivo PEGADA


A partir de Fevereiro de 2011, Rodolfo Fonseca escreve artigos sobre temas como  produção, políticas  e mercado cultural, e ainda antropologia urbana e cinema, como colaborador do Blog do Coletivo PEGADA. Abaixo confira o primeiro artigo.

Campanha de Popularização do Teatro e Cinemark: formação de público ou mercado?

Reportagem do Estado de Minas que busca questionar o sucessos e insucessos da Campanha de Popularização de Teatro em Belo Horizonte. Apesar da comparação no texto entre teatro e cinema não funcionar bem totalmente no texto e de alguns equívocos do Jornalista, penso que a reportagem é bastante útil pra problematizar a experiência da Campanha e sua relação com o formação de público e fomento do mercado de cultura. Recomendo a leitura primeiro da reportagem, que pode ser acessada no link abaixo, e depois a leitura dos comentários e críticas.

Segue link da matéria:

Assim, vale dizer, a discussão aberta pela reportagem é boa. Há anos e anos a campanha  incorre no mesmo erro. Medo de mudar, falta de discussão no setor? Não sei, mas sei que começa pelo nome: popularização? Já popularizou, agora é criar formas de prolongar o público. Talvez se a campanha acontecesse 3 ou 4 vezes ao ano em edições menores, mas com maior diversidade de peças, na soma talvez conseguiria até mais público…

Por outro lado, vale dizer que a reportagem desconsidera algumas coisas:

1) A diferença que existe do cinema para o teatro: reprodutibilidade técnica, o cinema basta um cópia e o filme pode rodar o mundo, o teatro não, seu produto final é limitado e feito de carne e osso.

2) O Cinemark não é pioneiro, não é a primeira exibidora estrangeira no país, desde os anos 20 o Brasil já tinha cinemas da MGM e outros grandes estúdios. Os americanos aprenderam muito cedo que quem dominasse a distribuição dominaria o cinema.

3) O Cinemark não tem uma oferta de filmes tão diversificada assim: faltam muitas vezes opções e os mesmos filmes são exibidos várias vezes.

3) O Dia do cinema Brasileiro no Cinemark é a forma como eles encontraram de cumprir a Lei da Cota de Tela que exige uma parcela da programação para exibição do filme nacional ao longo de um ano: eles a cumprem em um único dia exibindo só filmes nacionais (o que não nada competititivo para o cinema nacional) e ainda saem com imagem de mocinhos.

Bem é isso. Sem querer fechar o assunto, ficam estes comentários para problematizar o assunto e fomentar a discussão. Comente e vamos debater!

Rodolfo N. J Fonseca
Sociólogo e Antropólogo, Realizador Audiovisual e Produtor Cultural

Publicado originalmenteno Blog do Coletivo PEGADA onde escreve mensalmente: